Antes, Á Tarde
Ricardo
No teu quarto oblíquo
Blindado a meia luz
No solstício da tarde ardente
Uma mulher de melenas trigueiras
Joga seus pés para o ar.
E as pernas? Vão ao léu
Em ângulo reto
Numa cinética indecente.
Suas curvas?
Em circulo-evoluções
Enquanto espera fagueira
Mais intensa sedução.
O sexo procura mostrar-se.
Revela-se, repousa entreaberto.
Supõe-se que no cair da noite
Se lhe convoque o definitivo ato.
A espera, pelo homem que vira’
Faz-se numa nevoa espessa
Que invade e entorpece o ar.
Não há’ mais o que esperar.
Aqui e ali, tateia-se um permitido pecado
Que ate’ então, só promessas.
E serão toques sutis
O que os dedos vão trazer.
Já as respostas incursas
No estimulo dos sentidos tácteis
Estas sim, forcas conexas
Para, de prazer, o corpo contorcer.
Do delta de Vênus, por onde escorre
A feminis áccua, por frenéticas mãos
Também se extraem, fremidos, suspiros
E os mais íntimos sons.
E’ então, quando, na tarde nômade e emoliente
Molhar-se-ão as calcinhas de algodão
E se eletrizara a todo o corpo
Da nuca ate’ a barra da anágua
Tão logo explode o gozo, disparatado tesão.
Franze-se o rosto, morde-se os lábios
E a mulher, na tarde, se desfaz num arpejo
De cinco mil megatons.
Nenhum comentário:
Postar um comentário