Chuva em ti
Pablo Juan Chelmick(Tradução Mário Faccioni)
Deixa-me ser chuva,
Deixa-me multiplicar-me em ti
Na sedosa garoa sem fim.
Deixa-me ser teus olhos
a chuva de tuas lagrimas
de amargas ocasiões.
Deixa-me ser teus lábios
ser úmidos beijos
tendo-me em sua cor gris.
Deixa-me chover, devagar,
sutilmente, em teus seios
caricias de gotas descansadas.
Deixa-me por ti deslizar
gota a gota, beijo a beijo,
transformando-me em aguaceiro.
Deixa-e ser poça na calçada
onde molhes teus pés ao passar
e salpiques com meu ser
mil gotas em tuas pernas.
Deixa-me encharcar teu corpo
e molhada te sintas
ao beber em tua pele
minha translucida existência.
Deixa-me ser intenso dilúvio
permeando tuas roupas
e que fiques nua diante de mim
com cheiro de terra fresca.
Deixa-me despejar em tua cama
líquidos cristais do céu
para formar um diáfano espelho
que ao amarmo-nos quebraremos.
Deixa-me entrar profundamente
no mais úmidos de teus sonhos
e na profundidade do teu sentir
chover em nuvens meus desejos.
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